Dentro das dinâmicas de trabalho da agência Santa Fé/FALOMI há semanalmente uma ação que chamamos de ‘Laboratório’. Este consiste em mini palestras, de até 15 minutos, ministrada por um dos Falomers; é assim que chamamos nossos colaboradores. As palestras acontecem para fechar nossa reunião de projeto semanal. Os temas são livres e acabam sendo sempre uma surpresa. A participação não é obrigatória. Sugerimos que todos participem como forma de desenvolver as múltiplas habilidades e incentivar essa troca de conteúdo e de diversidade que existe no time.
Logo na primeira participação a Kaká já chegou mostrando a que veio e trouxe como tema da sua palestra:
“O poder e a responsabilidade da comunicação”
A comunicação, mais especificamente a imprensa e a mídia, surge como o 4º poder no século XIX com o papel de fiscalizar o abuso dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
A influência da mídia na sociedade e na política é inegável. Historicamente a mídia elege e tira presidente muito antes da gente (aqui) nascer… Nessa mesma linha vem a publicidade com o poder de transformar desejos em necessidades.
Se o poder da comunicação em influenciar decisões fosse pequeno, as marcas e os partidos políticos não investiriam tanto. Em 2018, por exemplo, segundo uma publicação da editoria de economia do uol, o investimento em publicidade no Brasil passou de R$ 16 bilhões. O investimento em TV aberta caiu e na internet subiu de 14% para 17%.
É muito dinheiro e a responsabilidade do profissional de comunicação é igualmente proporcional! Logo, dizer que “A Reforma Trabalhista aumentou a empregabilidade”. Ou, “que o agrotóxico não interfere na saúde humana”, ao meu ver, são comunicações no mínimo irresponsáveis; porque não tem fundamento ou embasamento com dados contundentes. Então, pra mim, enquanto profissional de comunicação, considero leviano fazer afirmações como essas!
Hoje é essa reflexão que eu trago em minha palestra para o time. É sobre fazer uma comunicação responsável. Para além de uma questão ética e pessoal, acredito que temos um poder muito grande na mão e, devemos usá-lo com critério e respeito; respeito principalmente quando usamos de um conhecimento psíquico direcionado a quem não tem tanto acesso e conhecimento para “se proteger”.
Fake News vs Publicidade Enganosa
A responsabilidade civil da Lei de Imprensa Nº 5.250/67, entre outras coisas, é pautada pela verdade dos fatos. Ainda não há no Brasil, que eu saiba, uma pena, por exemplo, para quem propaga Fake News. Mas trago para essa reflexão: “Onde está a ética do comunicador que compartilha alguma coisa sem antes constatar a veracidade daquilo?”
Já a publicidade enganosa, segundo o código de defesa do consumidor em seu artigo 6º tem penalidade diante da responsabilidade civil tanto para publicidade enganosa quanto para abusiva e desleal.
A exemplo disso se fez algumas restrições, salvo engano no fim da década de 90 início dos anos 2000 direcionadas à produtos nocivos a saúde e as crianças.
Nós enquanto profissionais de comunicação devemos ter ética acima do fator financeiro. Claro que o que paga as contas ainda é o dinheiro, mas cabe a nós educar nossos clientes sobre o que e como comunicar; ou, qualificá-los quanto a perfil e posicionamento. Aquele bordão “o cliente tem sempre razão” já não cabe mais no século XXI!
Você já se perguntou…
- Qual é o futuro que você vê como comunicador?
- O que você quer comunicar?
- Você educa seu filho ou filha para acreditar em tudo o que vê e ouve?
- Você ensina seu filho ou filha a ler sem questionar? Ou você instiga pra que procurem saber a fonte?
- Como você se sente ou se sentiria em tem que explicar, para uma criança de 4 anos, que o suco de uva é o mesmo e o que muda são os personagens da embalagem e que portanto você não vai pagar a mais só por essa “diferença”? Aqui vale uma ressalva, é diferente quando a embalagem tem fonte sustentável, o suco é orgânico ou algo que de fato faça diferença e não apenas o personagem na “capa”, ok?!
- Você já se perguntou porque os produtos orgânicos são mais caros? Será que é porque essa turma é muito capitalista ou porque eles não tem certas isenções de impostos, etc…
Bem, chega de perguntas né? Já temos bastante coisa pra pensar, certo?! O objetivo era provocar uma reflexão quanto a dimensão do poder da comunicação…
O poder de quem sabe se comunicar, podendo ou não se tornar influencers e tal, entra num outro viés e não era essa a ideia aqui, mas talvez seja minha próxima palestra 😁 (spolier)
Parafraseado a “Marvel” – “Com um grande poder vem também uma grande responsabilidade”, então, particularmente procuro tomar muito cuidado com o que eu assino. Hoje em dia tenho sido mais cautelosa também com o que compartilho. #ficaadica
Dica de Filmes e Referências sobre a responsabilidade da Comunicação
Spotlight: Segredos Revelados (2015)
Um grupo de jornalistas investiga o abuso de crianças por padres católicos, acobertados pela Igreja. Eles conseguem reunir documentos sobre os crimes cometidos e o envolvimento de líderes religiosos que tentaram ocultar os casos. (baseado em fatos reais)
Muito Além do Peso (2012)
No documentário, a cineasta Estela Renner analisa a qualidade da alimentação infantil e os efeitos da publicidade dos alimentos direcionados principalmente as crianças.
“Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz!” O Teatro Mágico