Consumo Feminino: As conquistas históricas e a gradativa ascensão aos espaços, antes exclusivamente masculinos, reflete o impacto das mulheres no mercado de consumo
Aos poucos o mundo está entendendo a importância do papel das mulheres no mercado de consumo e em tudo o que o rodeia.
Segundo dados do IBGE a mulher representa mais de 50% da população brasileira. Ainda de acordo com o IBGE e também a OMS, a expectativa de vida das mulheres é maior que a dos homens em mais da metade dos países do mundo!
Consumo Feminino
A conhecida “jornada dupla” de trabalho, expressão popularizada na década de 80, quando a mulher começou a ganhar espaço no mercado de trabalho, pouco mudou em quase 4 décadas. Na realidade a expressão se atualizou para jornada tripla.
Dados do relatório de “Estatísticas de Gênero Indicadores sociais das mulheres no Brasil”, publicados pelo IBGE, demonstram que, por semana, os homens usam 10,5 horas dedicado aos cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos, enquanto as mulheres, dedicam 18,1 hora nesta mesma ‘função’. Em outras palavras, isso representa 73% do tempo da mulher dedicado ao cuidado de outras pessoas ou de afazeres domésticos.
Historicamente as mulheres lutam por seus direitos e o consumo feminino é um deles. A influência e o poder de decisão de compra está diretamente ligada a independência financeira. A participação da mulheres nesse pronto cresce em igual proporção a esta independência, conquistada década após década.
O impacto das mulheres no mercado de consumo
Os contos de fadas já não são mais os mesmos. Princesas estão mais preocupadas em herdar o trono e reinar do que encontrar o príncipe encantado. Saindo um pouco da analogia lúdica e voltando aos dados estatísticos. De acordo com o instituto data popular, entre 2003 e 2010 a renda da mulher brasileira aumentou 83%.
Por outro lado, a Google Consumer Survey apurou que 31% das brasileiras não possuem renda; E, os homens continuam a ganhar 30% a mais que as mulheres, ocupando o mesmo cargo. Apesar de ainda receber salários inferiores ao dos homens, 37% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres. A frente de famílias monoparental, esse número sobre para 67%.
Comparado o perfil educacional com ensino superior completo, as mulheres representam 23% enquanto os homens são 20%*. Um estudo da McKinsey apontou a proporção de uma mulher para cada dez homens em cargo de chefia.
O IBGE traz a informação que caiu de 40% para 38% o número de mulheres em cargos gerenciais. Apesar disso, as expectativas são otimistas.
A ressignificação das mulheres na sociedade passa por muitos setores. Na economia a representatividade da produção de riqueza por mulheres, segundo dados de 2016, do Boston Consulting Group, cresceu 25%. Dados da PWC consideram que, até 2025, entrará 1 bilhão de mulheres a mais no mercado de trabalho.
Um relatório do Global Entrepreneurship Monitor traz a informação que, dos microempresários que abrem um negócio por necessidade, 48% são mulheres.
Lideres e Influenciadoras
O ano de 2019 tem a marca de, pela primeira vez ter, em todas as comissões regionais da ONU, mulheres em posição de chefia.
No mundo corporativo, entre 1997 e 2018 o número de mulheres em cargos de chefia, subiu de 11% para 42%. Esses dados são de uma publicação do jornal Folha de São Paulo.
Dos cargos de CEO e diretoria executiva, 16% estão ocupados por mulheres hoje no Brasil.
A presença feminina nas redes sociais também lidera, apesar da diferença pequena entre os gêneros. Ainda assim, a participação, tanto em plataformas sociais, quanto em aplicativos, como no e-commerce está a frente do comportamento digital dos homens.
Enquanto usam as plataformas digitais, 37% das mulheres estão com sua atenção totalmente dedicada a isso; o que reforça o consumo.
Identificação no youtube – Mulheres no mercado de consumo digital
Seja para buscar conhecimento, relaxar, descontrair, buscar apoio ou se conectar, a identificação das mulheres e a troca de experiências na plataforma de vídeos e streaming supera o perfil do público masculino. Dos 100 maiores canais (considerando o número de inscritos), apenas 16 estão com mulheres a frente deles. Apesar dos homens ainda serem maioria a frente dos canais com mais inscritos, mais da metade do público expectador do youtube são mulheres; As quais 37% admitem se influenciar na tomada de decisão de compra após assistir um vídeo nos canais que seguem.
O influenciador digital já é considerado, por alguns, uma nova profissão ou, uma profissão do futuro. De acordo com uma pesquisa da video viewers provokers, o youtube é considerado um espaço de diversidade por 67% das mulheres. A influência na decisão de compra citada anteriormente se dá pela troca de informação, experiência e identificação. Sugere ainda que, a credibilidade das influencers é um fator relevante para as mulheres.
Sobre o conteúdo no youtube de “como investir nosso dinheiro”, dados internos do google apresentam que 200% dos acessos se deu por mulheres vs 60% dos acessos feitos por homens.
As pesquisas apontam que a comunicação on line tem permitido que as mulheres transformem os conteúdos. Cada vez mais se tornam protagonistas de suas histórias, usando para isso, de maneira inteligente o espaço digital.
Mulheres na Política
De um total de 81 senadores, apenas 7 são mulheres. Isso não significa que alguns senadores não defendam os direitos das mulheres e que todas as mulheres contribuam positivamente para causas feministas. Porém a representatividade e a paridade são importantes em um contexto geral.
Do total de 513 deputados 77 são mulheres. Apesar de estar muito aquém do ideal, houve um aumento de 51% de mulheres eleitas, quando comparado ao último pleito. O papel da mulher na sociedade muda a cada minuto e isso é inegável. O avanço e a representatividade no poder público está diretamente relacionado ao poder privado, ao comportamento e ao consumo.
Desafios a seres superados
Apesar de ser maioria com ensino superior completo, as mulheres representam, segundo o IBGE, 65% das pessoas fora do mercado de trabalho.
Daria para escrever um artigo inteiro sobre isso, pontuando um a um. Os desafios são muitos para ingressar no mercado e então impactar o consumo e a economia. Porém, relacionado ao tema deste artigo e, considerando as barreiras que as mulheres, em âmbito nacional, apontam como as mais complicadas, estão: maternidade, violências e pressões sociais e, machismo.
Apesar dos desafios, os avanços estão acontecendo e a mulher segue ganhando cada vez mais espaço.
*Dados do IBGE para pessoas com 25 anos ou mais